Kiki Doce Lar: Amor, Escola e Família

Este belo livro de jovens poemas justifica-se numa exemplar vivência familiar. Trata-se dos primeiros poemas escritos por uma arguta adolescente, hoje com 13 anos, que, "situada" no meio de três irmãos castiços (um rapaz e mais duas meninas), muito cedo se revelou como a escriba da família. O lar "doce lar" é classicamente harmónico e feliz, uma verdadeira família funcional. E "Kiki", como é carinhosamente chamada em casa, parece ter sentido essencialmente uma necessidade de retratar poeticamente esta rotina harmónica. Os temas dos poemas escritos ao longo de alguns anos, desde a sua ainda recente infância, são simples e limpidamente objectivos. Eles divagam sobre preocupações e afectos rotineiros, onde a cálida inocência contrasta com uma inusitada seriedade na abordagem que leva tais temas a parecerem muito mais sérios e ingentes do que deveriam, eventualmente, ser. Em alguns casos, essa tónica, severa, exigente ou tão-só realista, pode até se perceber como humoradamente irónica, a despeito de qualquer intenção da autora neste sentido. É, pois, como se diz: "as palavras têm vida própria" (embora algumas, pela sua estilística construção, mereçam viver bem mais tempo do que outras). É fácil ler a importância das pessoas que rodeiam Kidila. Aliás, ela não se poupou nas homenagens estilizadas, mais ou menos expressas, mas sempre com a mãe em primeiro plano ? "Minha doce mãe". De resto, no plano dos lugares, sem qualquer dúvida (a parte da residência familiar), a escola domina em relevância. Tanta coisa ali se passa! Desde o bullying diário do colega peralta e as corridas dos rapazes ? vg., "Malucos para tudo" ? aos desafios próprios do aprendizado em sala ? vg., "A escola", "A professora", entre outros poemas.

GIKA (O tio poeta) In Prefácio